Chocolate do Dubai: Um Fenómeno Doce ou um Sintoma da Sociedade Atual?
Nos últimos tempos as redes sociais em Portugal têm estado obcecadas com um chocolate específico, o chocolate do Dubai ou Dubai chocolate. Mas como é que um simples chocolate com recheio de pistáchio e knafeh (sobremesa típica árabe) originou nos supermercados Lidl filas iguais às das Fnacs desta vida aquando da venda de bilhetes para os Coldplay em Coimbra e um rombo de stock e caos equivalentes ao do mítico 1 de maio de 2012 no Pingo Doce? Será que tinha 5 bilhetes dourados únicos no mundo como os do Willie Wonka? Vamos entender a febre deste chocolate e a sua relação com as redes sociais.
A história do Dubai Chocolate – que na verdade nem se chama Dubai Chocolate mas sim “Crispy Knafeh” – remonta até ao ano de 2021 quando foi criado pela Fix Dessert Chocolatier, uma marca de chocolates dos Emirados Árabes Unidos. 2 anos depois, em 2023, ficou viral nas redes sociais devido à partilha da digital influencer Maria Vehera no TikTok. Em 2025, a cadeia de supermercados alemã Lidl e a tão conhecida Lindt decidiram ambas criar a sua versão de Dubai Chocolate que no caso da chocolataria suíça esgotaram em 40 minutos.
Em Portugal tanto os supermercados Lidl como a Lindt registaram ruturas de stock e, no caso das lojas físicas, imensas filas. Porém também se registou outro fenómeno, a de revenda destes chocolates em plataformas de venda de produtos em segunda mão como a Vinted ou o OLX ao quádruplo ou quíntuplo do preço, ao que os portugueses em tom de brincadeira apelidaram nas redes sociais de “empreendedorismo português”. Quem não conseguiu a sua tablete de chocolate, tentou fazer a sua própria versão em casa.
A influência das redes sociais neste fenómeno que aconteceu nos últimos dias pode ter várias explicações: a primeira e mais óbvia, marketing, garantir vendas e se for através deste marketing orgânico de comprar e provar algo, melhor ainda; a segunda, a influência exercida pelos digital influencers, o querer ter o que influencer x tem; a terceira, o peso da palavra “Dubai” e tudo a ela associada desde luxo, exclusividade e estética e por fim, a quarta: a sensação de pertença, não só associada à terceira explicação mas também a de pertença e encaixe na sociedade em que nos encontramos onde todos foram comprar o Dubai Chocolate e todos o experimentar e todos publicaram algo acerca nas redes sociais. O não querer ficar de fora de uma moda.
A verdade é que minutos depois de sair das prateleiras começaram a surgir vídeos de reviews a este chocolate e a mostrar as filas, mas e o que pode esta febre vir a originar no futuro? Será que o Dubai Chocolate ficará esquecido e sairá de cena para vir dar origem a um novo produto que será tendência e originará uma onda de adesão semelhante? Ou será que veio para ficar? E tu, o que pensas de tudo isto de Dubai Chocolate e da sua relação com as redes sociais?
